T r a b a l h o    P l a n e j a d o

 

 

Esta estória vem dos Estados Unidos da América, da Crysler, contada por Lee Iacocca.

Fazendo menção ao período anterior a sua gestão, ele comentou o seguinte:

"Se entrasse uma cobra na planta da fábrica, contratariam uma consultoria especializada para identificar o que a cobra estaria fazendo ali, por onde entrou e por onde poderia sair. Ninguém pensaria em matar a cobra."

 

 

Que lição podemos tirar? No Brasil o que vale, ainda, é a remuneração pelo esforço, e não pelo objetivo ou resultado.

Por esse motivo muitas empresas ainda prendem-se a horários, valorizam o trabalho extraordinário, a correria e o início imediato do trabalho solicitado. Valorizam pouco o planejamento, considerada perda de tempo, pois atrasa o início dos trabalhos. Lhes falta a visão de processo e, de longo prazo também. Quando se planeja, "retarda-se" o início dos trabalhos, mas diminui-se o tempo total de execução, pois o planejamento permite o levantamento das possibilidades e das prováveis dificuldades de cada uma. Sem falar no re-trabalho causado pelos infrutíferos atalhos tomados.

Quando começamos a trabalhar, temos um "plano de vôo", com as necessárias curvas para evitar as linhas diretas de colisão com os obstáculos existentes, que foi possível observar durante o planejamento.

Comparo este tipo de trabalho com a seguinte analogia:

Imaginem a empresa como uma praça. Imaginem seus colaboradores como uma pequena multidão, sentados em um banco junto com seu líder.

Imaginem uma cobra entrando no cenário, aquela mesma do Iacocca.

O líder preocupado com a ameaça, ordena:"-Matem a cobra.".

Aquela multidão corre imediatamente, de forma desordenada, ao encontro da desafortunada cobra, cada qual com um porrete na mão. Dado o número de participantes, a organização e o planejamento da "task force", todos levam e dão pauladas aleatóriamente.

Após duas horas de extenuante esforço, dolorido também, voltam "vitoriosos" de sua batalha. Esfalfados de tanto sofrimento na execução da tarefa.

A cobra, infeliz, morreu por diversos traumatismos, esmagamentos e hemorragias pelo corpo todo.

O líder premiou a todos pelo esforço e dedicação. Todos se sentiram cumpridores do seu dever e certos de que fizeram a “sua parte”, dormiram tranqüilos sua noite de sono.

No entanto, precisávamos apenas de cinco minutos para dar cabo do problema. Não causaria sofrimento a ninguém, não haveria disputas internas nem utilização irracional dos recursos humanos e materiais da empresa.

Bastaria que uma única pessoa olhasse para a cobra, visse de que lado ficava a cabeça e desferisse um único golpe, em nossa intrometida ofídia.

Este profissional, normalmente, é segregado e tido como aquele que não faz nada dentro das empresas, pois sua mesa está sempre limpa e ele está sempre tranqüilo, já que planeja. Não se esfalfa, não faz horários extraordinários e não vive correndo desesperado.

Quando formos líderes, poderemos mudar tudo isso, depende da visão e objetivo de cada um de nós.

 

Gerald Corelli
Consultor